Irão - Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz

O Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz localiza-se na ilha de Gerun, no estreito de Ormuz, atual República Islâmica do Irão.

Ormuz (ou Hormuz) foi uma importante cidade marítima e um pequeno reino próximo à entrada do golfo Pérsico. O primitivo sítio da cidade era na margem norte do Golfo, a cerca de 30 milhas a leste da atual Bandar Abbas. Por volta de 1300, aparentemente em função de ataques Tártaros, foi transferida para a pequena ilha de Gerun, que pode ser identificada como a Organa de Nearcho, aproximadamente 12 milhas a oeste e a 5 milhas da costa.

Trechos de História

Na seqüência da afirmação da presença portuguesa na Índia, compreendeu-se a importância do controle do comércio com a península Arábica. Impôs-se assim a conquista de Ormuz, por sua posição estratégica, dominando a entrada do golfo Pérsico. A outra rota passava por Áden, próximo ao Bab-el-Mandeb, por onde se acede o mar Vermelho.

Ormuz constituía-se em um dos mais importantes centros comerciais da região, em seu mercado sendo trocadas cavalos e pérolas, de tal como que viria a ser considerada por Afonso de Albuquerque como a "terceira chave" do Império Português na Ásia, juntamente com as praças-fortes de Goa e Malaca.

O Forte de Nossa Senhora da Vitória

Albuquerque fez a primeira tentativa para controlá-la em 1507. À frente de uma pequena frota de sete navios com uma força de quinhentos homens, dirigiu-se a Ormuz, tendo no percurso conquistado as cidades de Curiate (Kuryat), Mascate e Corfacão (atual Khor Fakkan) e aceitado a submissão das cidades de Kalhat e Soar (Sohar).

A frota portuguesa ancorou diante da cidade; o seu governante estava preparado para um ataque, contando com um efetivo que ascendia a de 15 a 20 mil homens de armas. Sem se intimidar, Albuquerque intimou-o a prestar-lhe homenagem e a tornar-se vassalo do rei de Portugal. Recebeu uma resposta evasiva, numa clara tentativa de ganhar tempo nas negociações. Ao final de três dias de espera, a artilharia portuguesa entrou em ação, tendo destruído a frota de Ormuz. Vendo as suas forças destroçadas, o soberano de Ormuz solicitou uma trégua oferecendo a cidade aos portugueses. Desse modo, Albuquerque concluiu, em setembro de 1507, um tratado pelo qual o soberano de Ormuz deveria pagar um tributo anual ao rei de Portugal. Como fruto desse acordo, iniciou ainda uma fortificação, cuja pedra fundamental foi lançada em 24 de outubro desse mesmo ano, sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória.

Os trabalhos terão ficado a cargo do mestre de pedraria Tomás Fernandes.[1]

Durante esses trabalhos registou-se o chamado "Motim dos Capitães", um episódio de insubordinação que culminou com a deserção de três capitães portugueses. Estes, com o apoio do soberano de Ormuz, deram combate às forças de Albuquerque no início de janeiro de 1508. Após alguns dias de batalha, Albuquerque e os seus viram-se forçados a retirar da cidade, abandonado o forte em construção.

O Forte de Nossa Senhora da Conceição

Em março de 1515, Albuquerque retornou a Ormuz, à frente de uma frota de 27 navios, com um efetivo de 1.500 soldados portugueses e 700 malabares, determinado a reconquistá-la. Bem sucedido, ocupou a posição da antiga fortaleza em 1 de abril, retomando a sua construção, agora sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição.

Nessa época, os principais portos do golfo Pérsico e da Arábia, tais como Julfar, Barém, Calaiate (Qalhat), Mascate, Catifa (al Qatif), Corfacão, e as ilhas de Queixome (Qeshm) e Lareca, encontrava-se sob o domínio do reino de Ormuz. Com a sua queda, todas as cidades e portos da região tornaram-se tributárias do rei de Portugal: o reino de Ormuz permaneceu como uma potência regional, em articulação com o Estado Português da Índia. Sob esta fórmula, a presença portuguesa na região estendeu-se por mais de um século, até aos anos de 1620-1650.

Um documento coevo relaciona os portos que pagavam tributo a Portugal: Aigom e Docer "portos que estam na barra de terra firme", Brahemim "porto que esta de fora da ilha d'Oromuz na terra firme", Tezer "lugar na terra firme", Beabom, Borate, Jullfar (Julfar), Callayate (Qalhat), Horfacam (Khor Fakkan), Caçapo (Khasab), Broqete "na ilha Qeixa", Lafete "na ilha Qeixa", Qeixa "na ilha Qeixa", Garpez "na ilha Qeixa", Rodom, Costaque, Chagoa, Callecazei e Lebedia (in: Rendimento da cidade de Oromuz e seus reinos, 1515.)

Em 1521, o soberano de Ormuz rebelou-se contra o domínio português, mas foi derrotado e destronado, um novo governante aliado tendo ocupado o seu lugar.

Em 1523, D. Luís de Menezes ocupou Soar, que havia se revoltado e, após fazê-lo, prosseguiu para Queixome, onde um novo tratado foi celebrado com o novo governante, em virtude do qual uma feitoria portuguesa foi ali estabelecida.

Em 1526, o Vice-rei da Índia, Lopo Vaz de Sampaio (1526-1529), submeteu Mascate e Khalat que haviam se revoltado.

Em 1528 Cristóvão de Mendonça era Capitão-mor da Fortaleza de Ormuz.[2]

Em 1542-1543, a totalidade das receitas aduaneiras de Ormuz foi destinada ao rei de Portugal.

O período entre 1550 e 1560 foi de guerra contínua com os Turcos pela supremacia no Golfo Pérsico.

Em 1550-1551, os Portugueses conquistaram aos Turcos o Forte de El Katiff (Al Qatif) na Arábia. Em 1551-1552, os Turcos atacaram e saquearam Mascate. Com a sua retomada pelos portugueses e para complemento da defesa de Ormuz, foi iniciada a Fortaleza de Mascate.

Em 1559, os Turcos sitiaram os Portugueses no Forte de Barém, mas, após vários meses de cerco, foram forçados à retirada.

Data deste período, o final da década de 1550, a intervenção do arquiteto obidense Inofre de Carvalho na fortificação de Ormuz.

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