Escudos de Portugal

Fortalez de Safim, ou Safi - Marrocos

Safim

آسفي • ⴰⵙⴼⵉ

Safi

Está situada na costa atlântica, na foz do oued Châaba e na orla do planalto de Abda, 135 km a sudoeste de El Jadida, 245 km a sudoeste de Casablanca, 125 km a nordeste de Essaouira, 300 km a norte de Agadir e 150 km a noroeste de Marraquexe.

Foi uma possessão portuguesa entre 1508 e 1541, referida como praça-forte de Safim. Atualmente é uma cidade industrial e portuária, por onde são escoados para exportação os fosfatos e onde se concentra a maior parte da indústria marroquina de fertilizantes ligada aos fosfatos, produto do qual Marrocos é o principal exportador mundial. É também conhecida por ser o principal porto de pesca de sardinha de Marrocos e pela sua indústria química e pela cerâmica, tanto artesanal como industrial. Apesar da sua vocação industrial, a produção agrícola tem também grande relevância económica, empregando metade da população da região.

As referências escritas sobre o aparecimento de Safim são escassas. O cabo Ussádio, um entreposto fenício a crer nos escritos de Ptolemeu, provavelmente frequentado mais tarde pelos romanos, aparece nos textos árabes com o nome de Asfi a partir do século XI como um pequeno porto de interesse local.

Safi (Hadirat al Mouhit), ou cidade do mar envolvente, segundo a expressão de ibne Caldune, era o porto da capital do Califado Almóada, Marraquexe, no século XII e tinha relações diretas com o Alandalus. Era então muito urbanizada, dotada de importantes fortificações e duma grande mesquita central, a qual se encontrava ligada a numerosas instituições. Sob os almóadas, no sinal do século XII, Abi Mohammed Salih, que depois viria a ser o santo padroeiro da cidade, fundou um arrábita (espécie de conventofortificado) no subúrbio de Tasaffyn (Al-Safy), cuja função religiosa ganha grande fama.

Na cidade são fundadas duas ordens religiosas, as primeiras do seu género em Marrocos: uma tariqa (irmandade sufista) e a Tafa dos Houjjaj, uma organização de peregrinações a Meca, com uma extensa rede de centros de acolhimento (Sijilmassa, Tlemcen, Bugia, Cirenaica, Alexandria, etc.), numa época em que essa obrigação islâmica estava suspensa devido à insegurança.

Formada por duas entidades urbanas, a cidade é dotada no século XIV dum madraçal, edificado pelo sultão merínida Abu al-Hasan 'Ali, um bimaristan (hospital), além de várias outras instituições, como uma qaysaria, un mohtasseb, ao mesmo tempo que Safim se afirma como um lugar de trocas comerciais importantes com a Génova, Sevilha, Marselha e outros grandes portos comerciais mediterrânicos. No final do século XV, a pressão portuguesa acentua-se.

Constituía-se na capital fortificada de um pequeno reino muçulmano, que reconhecia a soberania de Portugal desde 1488, época das conquistas portuguesas de Arzila e Tânger. Naquele ano, o alcaide da cidade reconhecia o "rei de Portugal como seu senhor, por si e por seus concidadãos, presentes e futuros", e comprometia-se a pagar um tributo de 300 meticais de ouro ou o seu valor em mercadorias. Como símbolo dessa suserania recebia "a bandeira real e um atabaque" que o rei de Portugal lhe entregava; em contrapartida, tanto o alcaide como os moradores da cidade podiam circular sem restrições em todos os "domínios portugueses daquém e além-mar", podendo neles negociar em pé de igualdade com "os outros seus naturais ou vassalos".

A cidade foi conquistada sem dificuldade por Diogo de Azambuja em 1508, vindo a ser abandonada em 1542, após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué no ano anterior (1541).

O seu complexo defensivo contava com cerca de três quilómetros de muralhas envolvendo a cidade, dominada por uma fortificação construída pelos portugueses: o chamado Castelejo ("Kechla"). Via de penetração para Marraquexe, a cidade e sede episcopal de Safim recebeu uma forte cerca amuralhada com risco dos irmãos Diogo de Arruda e Francisco de Arruda (1512) com destaque para um imponente baluarte circular que ladeava a porta do chamado "Castelo de Terra", cujas obras só seriam concluídas em 1540, dois anos antes do abandono da praça. Posteriormente a 1512, foi erguido ainda o chamado "Castelo do Mar", em estilo manuelino, a título de obra complementar, para defesa do porto.

É considerada como a mais bela das praças-fortes portuguesas no Marrocos. As suas estruturas foram objeto de restauração nas últimas décadas, encontrando-se em excelente estado de conservação. No "Castelo do Mar" encontram-se actualmente trinta peças de artilharia, algumas das quais portuguesas. Destacam-se ainda os vestígios da antiga catedral, convertida em uma mesquita, actualmente requalificada como museu.

Antiguidade e Idade Média

As referências escritas sobre o aparecimento de Safim são escassas. O cabo Ussádio, um entreposto fenício a crer nos escritos de Ptolemeu, provavelmente frequentado mais tarde pelos romanos, aparece nos textos árabes com o nome de Asfi a partir do século XI como um pequeno porto de interesse local.

Safi (Hadirat al Mouhit), ou cidade do mar envolvente, segundo a expressão de ibne Caldune, era o porto da capital do Califado Almóada, Marraquexe, no século XII e tinha relações diretas com o Alandalus. Era então muito urbanizada, dotada de importantes fortificações e duma grande mesquita central, a qual se encontrava ligada a numerosas instituições. Sob os almóadas, no sinal do século XII, Abi Mohammed Salih, que depois viria a ser o santo padroeiro da cidade, fundou um arrábita (espécie de convento fortificado) no subúrbio de Tasaffyn (Al-Safy), cuja função religiosa ganha grande fama.

Na cidade são fundadas duas ordens religiosas, as primeiras do seu género em Marrocos: uma tariqa (irmandade sufista) e a Tafa dos Houjjaj, uma organização de peregrinações a Meca, com uma extensa rede de centros de acolhimento (Sijilmassa, Tlemcen, Bugia, Cirenaica, Alexandria, etc.), numa época em que essa obrigação islâmica estava suspensa devido à insegurança.

Formada por duas entidades urbanas, a cidade é dotada no século XIVdum madraçal, edificado pelo sultão merínida Abu al-Hasan 'Ali, um bimaristan (hospital), além de várias outras instituições, como uma qaysaria, un mohtasseb, ao mesmo tempo que Safim se afirma como um lugar de trocas comerciais importantes com a Génova, Sevilha, Marselha e outros grandes portos comerciais mediterrânicos. No final do século XV, a pressão portuguesa acentua-se.

Possessão portuguesa[editar | editar código-fonte]

Constituía-se na capital fortificada de um pequeno reino muçulmano, que reconhecia a soberania de Portugal desde 1488, época das conquistas portuguesas de Arzila e Tânger. Naquele ano, o alcaide da cidade reconhecia o "rei de Portugal como seu senhor, por si e por seus concidadãos, presentes e futuros", e comprometia-se a pagar um tributo de 300 meticais de ouro ou o seu valor em mercadorias. Como símbolo dessa suserania recebia "a bandeira real e um atabaque" que o rei de Portugal lhe entregava; em contrapartida, tanto o alcaide como os moradores da cidade podiam circular sem restrições em todos os "domínios portugueses daquém e além-mar", podendo neles negociar em pé de igualdade com "os outros seus naturais ou vassalos".

A cidade foi conquistada sem dificuldade por Diogo de Azambuja em 1508, vindo a ser abandonada em 1542, após a queda da Fortaleza de Santa Cruz do Cabo de Gué no ano anterior (1541).

O seu complexo defensivo contava com cerca de três quilómetros de muralhas envolvendo a cidade, dominada por uma fortificação construída pelos portugueses: o chamado Castelejo ("Kechla"). Via de penetração para Marraquexe, a cidade e sede episcopal de Safim recebeu uma forte cerca amuralhada com risco dos irmãos Diogo de Arruda e Francisco de Arruda (1512) com destaque para um imponente baluarte circular que ladeava a porta do chamado "Castelo de Terra", cujas obras só seriam concluídas em 1540, dois anos antes do abandono da praça. Posteriormente a 1512, foi erguido ainda o chamado "Castelo do Mar", em estilo manuelino, a título de obra complementar, para defesa do porto.

É considerada como a mais bela das praças-fortes portuguesas no Marrocos. As suas estruturas foram objeto de restauração nas últimas décadas, encontrando-se em excelente estado de conservação. No "Castelo do Mar" encontram-se actualmente trinta peças de artilharia, algumas das quais portuguesas. Destacam-se ainda os vestígios da antiga catedral, convertida em uma mesquita, actualmente requalificada como museu.

Governadores portugueses[editar | editar código-fonte]

  • 1508 - 1509 - Diogo de Azambuja
  • 1509 - 1510 - Pedro de Azevedo
  • 1510 - 1516 (19 de maio) - Nuno Fernandes de Ataíde
  • 1516 - 1520 - D. Nuno Mascarenhas
  • 1520 - 1522 - Francisco Lopes Girão
  • 1523 - 1525 (9 de outubro) - Gonçalo Mendes Sacoto
  • 1525 (9 de outubro) - 1529 - Garcia de Melo
  • 1529 - 1533 - Francisco Lopes Girão (segunda vez)
  • 1533 - D. João de Faro
  • 1534 - Rui Freire
  • 1534 (março) - 1534 (maio) - Luís de Loureiro
  • 1534 (maio) - 1534 (setembro) - D. Garcia de Noronha
  • 1534 (setembro) - 1535 - D. Jorge de Noronha
  • 1535 - 1541 - D. Rodrigo de Castro[3]
  • 1541 - 1542 Luís de Loureiro (segunda vez)

Abertura à Europa[editar | editar código-fonte]

De novo ligada a Marraquexe sob os Saadianos, Safim mantém-se como um dos portos mais importantes do reino até à fundação de Essaouira, na segunda metade do século XVII. Foi sede de vários consulados estrangeiros e no século XIX participa na abertura comercial de Marrocos às potências estrangeiras.

À semelhança de Tânger, a comunidade judia é importante e não ocupa uma mellah (bairo especificamente para judeus). A existência de cultos mistos judeu-muçulmanos, como a dos Oulad Zmirro, os sete santos judeus enterrados em Safim, que perdurou até meados do século XX, atesta as boas relações entre as duas comunidades.

No século XVII, o cônsul de França tem a sua residência em Safim e é nesta cidade que o comandante de Rasilly assina em nome de Luís XIIIvários tratados de comércio entre o Império Charifiano e França. No entanto, a cidade declina completamente no século XIX.

Século XX[editar | editar código-fonte]

Safim volta a ganhar importância e a desenvolver-se com a pesca industrial, sobretudo de sardinha. A indústria conserveira ligada a sardinha desenvolveu-se durante a Segunda Guerra Mundial e o porto de Safim tornou-se o principal porto de pesca de sardinha do mundo nos anos 1950. A cidade é igualmente o ponto de escoamento dos minerais de Jbilet e dos fosfatos de Youssoufia (90 km a nordeste).

Nos anos 1970 foi construído um grande complexo químico alguns quilómetros a sul da cidade.

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