História
O domínio neerlandês[editar | editar código-fonte]
"O forte Frederik Hendrik [sic], chamado das Cinco Pontas, (...) tem cinco baluartes regulares. Está situado em uma ponta na Ilha de [Antônio Vaz, no bairro de] Santo Antônio, de onde se descobrem totalmente os navios surtos no porto do Recife, e por isto serve este forte para defesa do mesmo porto. Acha-se edificado sobre um solo alto, que é o único caminho que poderia proporcionar ao inimigo o ensejo de aproximar-se do grande alojamento de Antônio Vaz, e protege também as cacimbas, as únicas que podem fornecer água ao Recife e Antônio Vaz em ocasião de necessidade e cerco.A princípio as muralhas deste forte não tinham mais de 12 ou 13 pés de altura, e, quando S. Excia. e os Conselheiros Supremos aqui chegaram estavam tão arruinadas, que um cavaleiro com todas as suas armas poderia galgá-las; a estacada e as paliçadas se achavam de todo podres e derribadas, toda a obra muito aluída, os fossos bastante secos pelo movimento das areias. Mandamos alargar e aprofundar os fossos e alargar e elevar as muralhas até à altura do velho parapeito, e construir por cima delas um novo parapeito; também mandamos cercar o lado exterior do fosso com uma contra-escarpa, e construir uma sólida sapata sobre o lado do mar, com o que este forte se acha agora fortalecido e defensável, o que tudo custará à Companhia uns 20.000 florins, somente quanto ao que se novo se faz.Este forte teve mais, ao lado sul, um sólido hornaveque, que se estendia para o lado do antigo Forte Emília, e em frente ao mesmo hornaveque um outro pequeno, que seguia a mesma direção, e é daquele dominado, o que tudo se acha ainda em sofrível estado." (tópico Fortificações in: Breve Discurso.... 14 de janeiro de 1638.)Forte Frederick Hendrik (Frans Post, 1640).
"(...) o forte Frederik Hendrik, que é um forte pentagonal, com cinco baluartes, um fosso largo e uma forte contra-escarpa e, em redor, na berma, uma sólida estacada. Diante deste forte está situado um bom hornaveque e, em frente a este, um hornaveque mais leve, cobrindo os terrenos altos que há nas proximidades, sendo que o forte domina todas as terras baixas e os hornaveques. As terras baixas são inundadas pelas marés, de modo que o inimigo não tem onde se alojar. Neste forte encontram-se 8 peças de bronze, a saber: 3 de 24 libras, 2 espanholas, sendo 1 de 18 libras e 1 de 10 libras, 2 peçazinhas forjadas de 6 libras e uma peçazinha forjada e cortada de 12 libras." (Relatório sobre o estado das Capitanias conquistadas no Brasil. 4 de abril de 1640)
Mapa (1665) do Recife, Cidade Maurícia e fortificações no final do período holandês.
No contexto da segunda náutico das Invasões holandesas do Brasil, o Coronel Diederick van Waerdenburch, comandante das forças de terra neerlandesas no assalto a Olinda e Recife (Fevereiro de 1630), determinou a construção de uma fortificação dominando o porto na foz do rio dos Afogados e as cacimbas de água potável de Ambrósio Machado. Este primitivo forte, que recebeu o nome de "Frederick Hendrick" em homenagem a Frederico-Henrique, príncipe de Orange (1584-1647), tio de Mauricio de Nassau, localizava-se na Ilha de Antônio Vaz, ao sul do bairro de Santo Antônio, limite de Maurits Stadt (a cidade Maurícia). Projetado pelo Engenheiro Militar Tobias Commersteyn (GARRIDO, 1940:71) como uma estrutura de campanha, apresentava planta no formato de um polígono pentagonal com baluartes nos vértices, tendo sido executada, em faxina e terra, por Pieter van Bueren. Ainda em obras resistiu com sucesso a um contra-ataque das forças portuguesas que o tentaram arrasar, sem sucesso, em agosto de 1630.
A seu respeito, Nassau comentou:
Adriaen van der Dussen complementa, atribuindo-lhe um efetivo de duas companhias com 230 homens:
Caspar Barlaeus transcreve o Relatório de Dussen: "(...) Neste último forte [de Frederico] puseram-se cinco peças de bronze. Chama-se das Cinco Pontas em razão do número de seus bastiões. Rodeia-o um fosso bem largo, um parapeito com uma sebe, acrescentando-se, para resistência, duplo hornaveque, um maior, outro menor. Com oito canhões de bronze, defende da aproximação dos inimigos toda a praia, assim como esses hornaveques." (BARLÉU, 1974:143) Atribui-lhe o mesmo efetivo de 230 homens (op. cit., p. 146). Com relação à estacada, foi esta determinada por Nassau na iminência do ataque de uma frota espanhola ao Nordeste holandês (c. 1639): "(...) o mesmo [proteção cingindo-o de estacada] fez com (...) o de Frederico na Ilha de Antônio Vaz (...)" (op. cit., p. 159).
Tanto o forte quanto os seus hornaveques figuram nos mapas de Frans Post (1612-1680) da Ilha de Antônio Vaz (1637), e de Mauritiopolis (1645. Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro), e no mapa "A Cidade Maurícia em 1644", de Cornelis Golijath (In: BARLÉU, Gaspar. História dos feitos recentemente praticados no Brasil. Amsterdã, 1647). Post retratou o forte em uma tela ("Forte Frederick Hendrick", 1640) atualmente no acervo do Instituto Ricardo Brennand.
Quando do assalto final ao Recife, em janeiro de 1654, os neerlandeses evacuaram e incendiaram todas as fortificações de Olinda e do Recife, concentrando a sua derradeira defesa nesta fortificação (SOUZA, 1885:84). Cercada pelas tropas do Mestre-de-Campo André Vidal de Negreiros (1606-1680), pediu o fim das hostilidades (23 de janeiro), o que levou ao pedido de armistício pelos neerlandeses (Capitulação do Campo do Taborda, Recife, 26 de janeiro). No dia 28 de janeiro, o comandante do Exército Libertador, Mestre-de-Campo General Francisco Barreto de Menezes (1616-1688), entrou solenemente no forte e Sigismund van Schkoppe entregou a cidade do Recife, o que pôs fim ao domínio neerlandês do Nordeste (BARRETTO, 1958:148-149).